por trás de “Last Bonus Track”
eu amo escrever desde sempre. contar histórias, inventar histórias, é meu esporte favorito. não é a toa que eu gosto de compor: escrever músicas é uma das formas mais interessantes e prazerosas de se contar e ouvir histórias, na minha opinião.
no entanto, quando a gente começa a compor, pode ser fácil cair na máxima de que “tudo precisa ser autêntico”, no sentido de que deve ter vindo de mim, ter sido vivido por mim. por um bom tempo me incomodei com a ideia de escrever a partir de um eu-lírico que não fosse eu.
mesmo assim, às vezes eu o fazia. só não investia tanto de mim nessas composições que eu sentia como “mais distantes”. isso, até eu assistir o NPR Tiny Desk Concert da Taylor. em um dado momento, perto da marca dos 13 minutos, ela comenta sobre como tinha medo de “não conseguir escrever músicas para coração partido, quando não estivesse de coração partido”, e que, encorajada também por essa palestra incrível da Elizabeth Gilbert, conseguiu superar essa aflição. foi daí que saiu “Death By A Thousand Cuts”, uma das minhas músicas favoritas dela.
saber de tudo isso, me encorajou também.
foi então que decidi testar escrever sobre a ideia que o meu amigo Marco tinha me dado alguns dias antes - escreve sobre a última noite de um casal, em que um dos lados não quer que o outro vá embora.
juntei essa ideia, um pouco do sentimento e das experiências que eu mesmo passei quando terminei, e comecei a escrever “Last Bonus Track”. enquanto a composição ia tomando forma, eu começava a produzir a faixa, e a escolher os timbres que fariam parte do arranjo.
eu sentia uma vibe de nostalgia fria e noturna dessa música. por isso, nessa faixa, a influência dos anos 80 vem carregada por timbres de sintetizador FM, como o Roland DX7, o mesmo que era usado em uma infinidade de produções da época, e que foi super reverenciado por The Weeknd no álbum Dawn FM. escolhi esses sons meticulosamente, e quase todos se mantiveram até a versão final, que ficou sob responsabilidade do Nick.
essa música foi feita com muito apreço, cuidado e detalhismo. o sentimento que existe nela é tão real pra mim, que é como se eu tivesse mesmo vivido cada cena e sentido cada emoção presente nela. e fico muito feliz de ainda no início da minha carreira, ter conseguido me libertar pra essa forma de criar e escrever de um lugar fora de mim.